sábado, 11 de dezembro de 2010

Cordel do Fogo Encantado - Transfiguração

Em 1997 um grupo teatral voltou a atenção para a cidade de Arcoverde. Nascia o espetáculo "Cordel do Fogo Encantado", basicamente de poesia, onde a música ocuparia um espaço de ligação entre essa poesia. Começou em um ambiente de teatro e as pessoas envolvidas eram relacionadas ao teatro. Na formação, José Paes de Lira, Clayton Barros e Emerson Calado. Por dois anos, o espetáculo, sucesso de público, percorreu o interior do estado.

Em Recife, o grupo ganhou mais duas adesões que iria modificar sua trajetória: os percussionistas Nego Henrique e Rafa Almeida. No carnaval de 1999 o Cordel se apresenta no Festival Rec-Beat e o que era apenas uma peça teatral ganha contornos de um espetáculo musical. Ao lirismo das composições somou-se a força rítmica e melódica dos tambores de culto-africano e a música passou a ficar em primeiro plano. A estréia no carnaval pernambucano mais uma vez chamou a atenção de público e crítica e o que era, até então, sucesso regional, ultrapassou as fronteiras, ganhando visibilidade em outros estados e o status de revelação da música brasileira.

Na formação, o carisma e a poesia de José Paes de Lira, a força do violão regional de Clayton Barros, a referência rock de Emerson Calado e o peso da levada dos tambores de Rafa Almeida e Nego Henrique. O Cordel do Fogo Encantado passa a percorrer o país, conquistando a todos com suas apresentações únicas e antológicas.

As apresentações da banda surpreenderam a todos não somente pela força da mistura sonora ousada de instrumentos percussivos com a harmonia do violão raiz. À magia do grupo que narra a trajetória do fogo encantado, soma-se a presença cênica de seus integrante e os requintes de um projeto de iluminação e cenário.

Em 2001, com produção do mestre da percussão Nana Vasconcellos, o Cordel do Fogo Encantado se fecha em estúdio para gravar o primeiro álbum, que leva o nome da banda. A evolução artística amplia ainda mais o alcance do som do grupo que, mesmo atuando independente, ganha mais público e atenção da mídia, por onde passa.






A lona do circo foi desarmada. Depois de percorrer praticamente todo o país com o espetáculo que anunciava a passagem de um palhaço sem futuro e que rendeu indicações às mais respeitadas premiações musicais, o Cordel do Fogo Encantado lança seu terceiro disco: “Transfiguração”.

O trabalho completamente autoral reflete as mudanças na trajetória do grupo, que em 1997 saiu da pequena Arcoverde, sertão pernambucano brasileiro, para ganhar os ouvidos e as praças do mundo inteiro.

Do mergulho nos registros sonoros de suas origens, explorados no primeiro disco, passando pela combustão de “O Palhaço do Circo Sem Futuro”, dá-se a evolução musical da banda que cada vez mais apresenta uma musicalidade própria, única, forte, marcante e impactante.

A base continua a mesma: três percussões, um instrumento harmônico e a força da poesia como motivo da reunião. A maturidade musical se traduz no aprofundamento de novas descobertas sonoras de instrumentos. A percussão é levada para um ambiente mais contemporâneo, trazendo o frescor de uma música inventiva e não meramente reprodutora de ritmos existentes.

Com produção musical de Carlos Eduardo Miranda (O Rappa, Mundo Livre S/A, Raimundos, e Skank), co-produção de Gustavo Lenza (Bnegão e Mamelo Sound System) e mixagem de Scotty Hard (De La Soul, Wu Tang Clan, John Spencer Blues Explosion e Nação Zumbi), “Transfiguração” aponta o caminho de movimentação e mutação sonora da banda.

Pela primeira vez o processo de composição é invertido. Nos álbuns anteriores, o espetáculo nascia antes para depois virar registro de áudio. Agora, o disco nasce primeiro como música para posteriormente ser colocado em cena na estrada. Cada vez mais se aproxima a zona de limite pela qual transita o grupo, que passeia com a mesma força tanto pelas artes cênicas como pela musical. Isso se reflete na escolha dos produtores de “Transfiguração”.

“Transfiguração” é, entre os álbuns do grupo, o que apresenta maior diversidade musical. A única participação especial é de BNegão, na faixa “Pedra e Bala (ou Os Sertões)”. Repleto de referências, o disco propõe um passeio pelos universos de Graciliano Ramos, Ítalo Calvino, Nietzsche, Euclides da Cunha, Ana Cristina César, o beatnik de Jack Kerouak, além de Bertolt Brecht e José Celso Martinez Corrêa.

A produção independente, que teve o patrocínio da Petrobrás, traz 15 faixas, incluindo um bônus track com um solo de Clayton Barros e dois poemas: “TLANK!”, de Manoel Filó; e “Canto dos Emigrantes”, de Alberto da Cunha Melo, com interferências e texturas sonoras de Lira com Buguinha Dub.


1. Tlank
2. Aqui (ou Memórias do Cárcere)
3. O Sinal Ficou Verde (ou Alémm do Bem e do Mal)
4. Sobre As Folhas (ou O Barão nas Árvores)
5. Preta
6. Pedra e Bala (ou Os Sertões)
7. Louco de Deus (ou Perto de Você)
8. Ela Disse Assim (ou A Seus Pés)
9. Transfiguração
10.O Lamento das Águas Sagradas
11.Joana do Arco (ou Agitprop)
12.Canto dos Emigrantes
13.Morte e Vida Stanley
14.Na Estrada (ou Quando Encontrei Dean Pela Primeira Vez)
15.Acampamento
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